"O Pintassilgo" é bom, mas pode melhorar? — Entenda

 O Pintassilgo é um livro escrito pela americana Donna Tartt e que foi lançado em 2013. Vencedor do prêmio Pulitzer de ficção (2014), o livro é aclamado por muita gente boa, embora eu não tenha gostado tanto assim. A boa notícia é que ele vai virar filme em 2019 e isso muda toda a história.

 

Sinopse

"Quando Theo Decker, nova-iorquino de treze anos, sobrevive milagrosamente a um acidente que mata sua mãe, o pai o abandona e a família de um amigo rico o adota. Desnorteado em seu novo e estranho apartamento na Park Avenue, perseguido por colegas de escola com os quais não consegue se comunicar e, acima de tudo, atormentado pela ausência da mãe, Theo se apega a uma lembrança poderosa de seu último momento ao lado dela: uma pequena, misteriosa e cativante pintura que acabará por arrastá-lo ao submundo da arte.

Já adulto, Theo circula com desenvoltura entre os salões nobres e o empoeirado labirinto da loja de antiguidades onde trabalha. Apaixonado e em transe, ele será lançado ao centro de uma perigosa conspiração.

O Pintassilgo é uma hipnotizante história de perda, obsessão e sobrevivência, um triunfo da prosa contemporânea que explora com rara sensibilidade as cruéis maquinações do destino."

Resenha (com leves spoilers)

Não é porque eu não gostei tanto assim do livro que ele seja ruim. Calma, gente. Ele é bom; na verdade, muito bom. Olhe o que a revista de cultura pop americana Vanity Fair diz sobre ele: “O pintassilgo é um livro sobre a arte em todas as suas formas, e desde o início nos lembra por que gostamos tanto de Donna Tartt: as reviravoltas na trama e a prosa elegante; os personagens que vivem e respiram nas páginas; os cenários perfeitamente capturados. O prazer e a tristeza existem num mesmo fôlego e, ao final, O pintassilgo conquista nosso coração.” Como se isso não bastasse, o livro ficou mais de quarenta semanas na lista dos mais vendidos do periódico New York Times (link com as informações aqui).

Li esse livro há 3 anos, mas lembro bem de como foi, no geral. O início do livro já começa com a reviravolta que a sinopse anuncia, mas, como eu li sem ler a sinopse antes, foi um pouco surpreendente. Dali em diante ocorre com o Theo alguns "casos de família" e amizade: ele é criado com uma família que não é a dele mas que o trata super bem (porque seu pai o abandona). Porém ele não consegue esquecer direito o trauma que foi perder sua mãe e o grande elo que tem com ela é justamente a pintura, com o pintassilgo. Talvez por isso a autora narre com tanto empenho a relação do menino Theo com a tela pintada.

Logo em seguida ele faz um amigo; se muda para morar com seu pai malandrão lá e, daí pra frente, o livro me capturou no sentido do suspense/expectativa. Não vou dizer se essa expectativa se cumpre ou não; apesar do que eu disse sobre o livro, eu me lembro bem de o ter avaliado no Kindle com 4 estrelas de 5, o que é uma ótima avaliação, eu diria. Porém não chegou a cinco estrelas, porque a autora cometeu um grande deslize, na minha opinião...

É difícil falar essas coisas sem soltar aqueles tão amados spoilersss mas... A autora me capturou nas narrativas; na expectativa do que iria acontecer com o menino e com as situações complicadas que sempre o envolvem. Você se envolve bem com os personagens e fica imaginando, traçando futuros possíveis enquanto lê à todo momento facilmente, digo, naturalmente. E esse é o grande gostoso desse livro. Ao final, a autora tomou a decisão de colocar um pouco mais de "ação" ali no meio e, na minha opinião, não funcionou. Se ela continuasse o ritmo do livro e desse pra ele um final mais brilhante, bingo! Seria a fórmula do sucesso, na minha opinião.

O que esperar do filme, então?

A seguir estão as informações gerais do filme, seu elenco e uma breve sinopse de acordo com o site Paste Magazine:

Lançamento: 11 de outubro

Baseado no livro: O Pintassilgo, de Donna Tartt

Diretor: John Crowley

Elenco: Ansel Elgort, Oakes Fegley, Aneurin Barnard, Finn Wolfhard, Ashleigh Cummings, Jeffrey Wright, Luke Wilson, Willa Fitzgerald, Nicole Kidman

Sinopse: O Pintassilgo conta a estória de Theo Decker, um adolescente que sobrevive a um ataque terrorista em um museu mas perde sua mãe na explosão. Com o estado de choque gerado pelo atentado, Theo acaba roubando uma pintura germânica, "O Pintassilgo", que vira uma espécie de amuleto pessoal único, conforme ele vai crescendo. A pintura é o único link que ele ainda tem à sua falecida mãe, porém começa a virar sua vida de cabeça pra baixo.

O diretor do filme é melhor conhecido por seu trabalho no longa Brooklyn (2015), que arrematou os Óscars de melhor fotografia, atriz e roteiro adaptado; o elenco conta com pessoas que atuaram em diversos sucessos anteriormente como It do Stephen King (Finn Wolfhard), Gotham (Fitzgerald), Legalmente Loira 1 e 2 (Wilson), 007 Casino Royale e Quantum of Solace, e Boardwalk Empire (Wright) e uma vencedora de cinco globos de ouro que dispensa comentários entre os diversos filmes que já assistimos dela: Nicole Kidman.

Com um elenco desses, somando-se ao fato de que o filme vem sendo preparado há muito tempo e já está em fase de pós-produção para ser lançado à 11 de outubro (uma data que tem a ver com o 11 de setembro?!) e, ainda, que o mesmo será patrocinado pela Amazon em troca de direitos autorais para assinantes da gigante do varejo — e, ainda, que o filme vai contar com distribuição da Warner Bros para o mundo todo nos cinemas, acho que podemos esperar um filmasso no nível de Nasce Uma Estrela (2018 — Warner Bros) ou Animais Fantásticos 2: Os crimes de Grindewald (2018 — Warner Bros).

Todo mundo tem um livro de estimação que, ao adaptarem pros cinemas, "cagam" com parte ou todo o conteúdo do livro, mas o contrário também existe! Em Harry Potter mesmo, eu poderia dar o exemplo do cachorro chamado Fofo, que eu imaginei um cão do meu tamanho com três cabeças mas, no filme, era um cachorro preto enorme, do tamanho de um salão de festas! Mas, ainda em HP, uma das cenas que mais me impressionou foi uma do sexto filme, em que Dumbledore faz um feitiço esverdiçado enorme, no filme, e eu imaginei algo bem mais modesto; assim, me surpreendendo bastante.

Com base no que vimos acima, podemos nos arriscar a assumir que a fotografia, a trilha sonora e a ambientação do filme estarão impecáveis. E isso é simplesmente essencial nessa obra, para que funcione, pois o livro é muito detalhista nesses aspectos de ambientação e a trilha sonora precisa ajudar a criar todo o drama envolvido nessa estória e acompanhar o ritmo de desenvolvimento da trama: começando dramático e terminando um pouco mais acelerado. E aí entra a outra questão: o final será mantido?! Bem... Esse é um aspecto que precisa ser melhor que o livro. Ao terminar de lê-lo, não senti lá grandes coisas; eu sabia que não fora tempo perdido, mas que também não era lá a melhor coisa que eu já tinha lido. Quero sair do cinema, esse ano, com a sensação de que esse será o ganhador do Óscar de melhor adaptação de roteiro, ambientação e tudo que tem direito. Vamos nos preparando desde já!