1ª One shot

Uma pequena história do livro (em processo de escrita) O Amor pode ser hackeado, de Lincoln Costa.

(Caso não saiba quem é Lena, talvez queira conhecer um pouco mais sobre ela aqui antes de ler)

One shot #1 - Lena

Um banho na banheira à essa hora era mais do que merecido ⎼ Lena havia passado boa parte da tarde na labuta, no sítio onde morava. Naquele dia não teve aula, obrigada. Deus! mas mesmo assim, o serviço curraleiro normalmente era cumulativo. A bosta é cumulativa, a sujeira é cumulativa… Enfim, mas eu adoro.

Aquele ambiente a mantinha calma; de fato, em paz. Ultimamente Lena tinha mais do que desejado estar naquele cômodo, ela precisava disso para acalmar os ânimos, centrar suas energias, reencontrar-se consigo mesma, filosofar possibilidades e alcançar alguma paz interior enquanto sua ducha quente caía levemente em sua nuca, enquanto sua mão brincava com as bolhas e com o sabonete.

Ao levantar os olhos, contemplava o design de seu toalete preferido da Terra: parede azul-quase-marfim à esquerda, com uma textura que parecia de vinhas ou o entrelaçado de um cesto de vime, com uma flor amarela e preta pendendo nela, próxima à porta, em um arranjo; à direita, uma parede listrada em azul-bebê e um azul mais escuro, com um grande espelho em retângulo deitado, emoldurado com jaspe picasso em tons claros e marrons, dando àquela peça ares de cobras e lagartos mas de um jeito chic que só uma peça de leilão caríssima tinha, conferindo ao ambiente toda uma sagacidade sutil que a jovem jamais vira em qualquer outro lugar. A pia logo mais à frente estava embaçada com o vapor, mas era de uma beleza única em madeira clara chinesa, apesar de minimalista; Lena adorava a bacia branca trapezoidal da pia.

Após secar-se do banho, estando apenas com seu sutiã rosa pink tamanho 40 e sentada na latrina fechada, prestes a se massagear com um hidratante corporal, Lena percebe que seu celular vibra de cima do pequeno toalheiro ao lado. Ainda bem que ainda não sujei minha mão.

Para sua surpresa, Bart tinha lhe respondido com “Como você está? Quando é que vamos sair de novo, madame?”. Após um momento relaxante, aquela mensagem veio como um somatório positivo à sensação. Animada mas sem esboçar um sorriso (talvez a expressão sorridente apenas tenha “ameaçado” começar em suas sobrancelhas, que se tensionaram um pouco) ela digitou de volta: “Ué, quando quiser. O que vamos fazer?”.

Aquele pequeno bate-papo a lembrou de tudo. Da mensagem que tinha acabado de mandar pra ele, explicando que estava cuidando da Keeny, sua égua, e dos demais cavalos. Lembrou-se também do rolé que tinham dado há dois dias e de como ele foi importante ao consolá-la desse momento pós-Dimitri.

É um parceiro maneiro pra cacete.

Antes que se lembrasse demais, preferiu se focar em sua massagem hidratante.

Um pouco depois, ainda à tarde, estava à sala também decorada em azul-claro. Sua mãe havia precisado dela para ajudá-la a fazer uma receita de bolo ou pães (a qual Lena não sabia muito bem o que era) na cozinha agora há pouco, e Lena veio descansar a cabeça na sala, onde sua irmã Cida estava.

Cida alisava seu cabelo negro em cima do sofá com as pernas cruzadas uma na outra; sua blusa cropped preta combinava bem com seus cordões de pingentes: uma âncora de metal cinzento e uma ponta de lança vítrica azul. Cida não prestava muita atenção na TV, então Lena foi trocando os canais até achar um reality show de moda e beleza, que ficou assistindo em pé.

Percebeu que sua irmã estava fungando um pouco indiscretamente. Aha! Estou cheirosa após a hidratação. Lena disfarçou o contentamento e se assentou com a irmã. Trocaram algumas palavras sobre o que pretendiam fazer com a cor de seus cabelos: Lena pretendia manter seu cabelo preto com listras ruivas como estava, talvez fazer umas luzes para dar um charme a mais, depois; Cida pretendia não mexer na cor enquanto o ano não acabasse, afinal, o faria de acordo com o humor da virada.

Uma mensagem então chegou no celular da ruiva Lena e era Bartholomeu novamente: “Estou indo praí”.

Ao ver a expressão meio embasbacada da irmã, Cida a perguntou:

— O que foi?

— Nada...

Falaria com a irmã o que era daqui uns dois minutos; não iria dar a ela esse gostinho de confabular coisas que não sabia à seu respeito com relação à Bart.

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P.S. Nota sobre minha ausência: O período em que estive ausente, pessoalmente, foi de muita produção e bem agitado. Achei que para escrever esta historieta eu teria apenas que escrever mais um capítulo, no livro original (para as coisas fazerem sentido). Não foi bem assim; tive bem mais trabalho; no meio do caminho apareceu um artigo pra resumir, meu computador pegou vírus, dentre outras coisas. Toda essa agitação certamente levou a muita produção e aprendizado de coisas ⎼ coisas que certamente vocês verão, com mais detalhes, nos próximos posts. Mas fico feliz de ter conseguido cumprir minha promessa de fazer uma one shot no post seguinte ao de apresentação da personagem Lena, espero que gostem ✨

OBS.: Estou curioso para ver as novidades nos blogs de vocês também, as quais, infelizmente não pude acompanhar de perto, com raras exceções. Meu carinho a todas vocês.